Declaração de Compromisso da Aliança de Acção de Combate à Pesca Ilegal, Não Declarada e Não Regulamentada
Updated 8 July 2024
A declaração
Declaração de Compromisso da Aliança de Acção de Combate à Pesca Ilegal, Não Declarada e Não Regulamentada:
- Compreendendo o papel crucial dos oceanos para a vida na terra, sendo habitat de 80 por cento da biodiversidade do planeta e fundamental para a segurança alimentar e subsistência de milhares de milhões de pessoas.
- Enfatizando que a cooperação entre Estados, em conformidade com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e o Acordo das Nações Unidas sobre as Populações de Peixes de 1995, bem como recursos pesqueiros bem geridos e bem monitorizados, são um componente essencial de oceanos saudáveis, comunidades costeiras resilientes e segurança alimentar.
- Reconhecendo que a pesca INN (sigla em francês) ameaça estes ecossistemas oceânicos, as comunidades costeiras e o abastecimento alimentar global, porque prejudica os esforços de gestão das pescas e causa distorções a nível do comércio.
- Preocupando-nos com o facto de as alterações climáticas exacerbarem estas pressões sobre o nosso oceano, tendo um impacto catastrófico na sua saúde, incluindo através da perda de biodiversidade e habitats, acidificação e desoxigenação dos oceanos e aumento da concorrência aos recursos.
- Reconhecendo ainda que a pesca INN pode estar interligada com outros desafios preocupantes de segurança marítima, tais como trabalho forçado, comércio de produtos ilegais, actividade criminosa e violações do Estado de Direito a nível global.
- Destacando a importância vital do aumento do apoio global e implementação de acordos internacionais fundamentais dirigidos ao combate à pesca INN e aos desafios marítimos com ela relacionados.
- Lembrando que os países reconheceram a importância do combate à pesca INN, incluindo através dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 14.4 e 14.6 e do Plano de Acção Internacional de 2001 da Organização da ONU para Prevenir, Dissuadir e Eliminar a Pesca INN na áreas da Alimentação e Agricultura.
- Observando que a coordenação e as parcerias transversais às agências governamentais, entre Estados costeiros, de bandeira, portuários e de comercialização, e com organizações não governamentais, sociedade civil e sector privado podem ajudar no combate à pesca INN.
- Assinalando ainda que a partilha e transparência de dados têm um papel fundamental neste combate ao exporem os maus actores e empoderarem governos e suas instâncias interessadas na identificação e dissuasão de actividades ilegais, e que os progressos tecnológicos podem dar apoio a um ambiente robusto de MCS (Monitorização, Controlo e Vigilância na sigla em inglês) e cumprimento da lei.
Nós, Participantes na Aliança de Acção contra a Pesca INN, comprometemo-nos a tomar medidas proactivas – em conjunto e individualmente – para prevenir, dissuadir e eliminar a pesca INN das seguintes formas:
- Apoiando a efectiva regulamentação e gestão sustentável das pescas em todas as regiões do nosso oceano, incluindo através das Organizações Regionais de Gestão das Pescas (RFMO na sigla em inglês) em que participam.
- Instando todos os Estados de bandeira a efectivamente monitorizarem e regulamentarem os seus navios pesqueiros, onde quer que estes operem, incluindo através da manutenção e publicação, através dos meios apropriados, de registos daqueles que operam para lá das suas jurisdições nacionais, bem como da cooperação com Estados costeiros e portuários, a fim de apoiar a gestão sustentável de todas as pescas e diminuir a probabilidade da ocorrência de actividades ilegais.
- Encorajando organizações internacionais de pescas, organismos multilaterais e Estados a expandir as medidas já existentes contra a pesca INN, incluindo através de uma maior transparência e tecnologia melhorada, bem como medidas conjuntas de cumprimento da lei que apoiam a MCS abrangente das pescas.
- Implementando e desenvolvendo o apoio a acordos internacionais fundamentais, bem como providências e enquadramentos do combate à pesca INN, incluindo o Acordo de 2009 sobre Medidas dos Estados do Porto da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO na sigla em inglês).
- Acolhendo o Acordo sobre Subsídios para Pesca celebrado na 12ª Conferência Ministerial de 17 de Junho de 2022 enquanto avanço na redução de subsídios a pescas nocivas.
- Reforçando a regulamentação de actividades de transbordo, incluindo através da adopção de medidas nacionais e multilaterais consistentes com as Directrizes Voluntárias sobre o Transbordo da FAO, quando adoptadas.
- Utilizando plenamente o Registo Global de Navios de Pesca da FAO, Navios de Carga Refrigerada e Navios de Abastecimento e o Sistema Global de Troca de Informação enquanto iniciativas de transparência das pescas de referência.
- Estimulando a partilha da informação e a interoperabilidade de dados de diferentes origens a fim de possibilitar melhores esforços de colaboração internacional e de partilha de dados em todo o mundo.
- Demonstrando e promovendo a transparência e rastreabilidade em toda a cadeia de abastecimento de produtos do mar, possibilitando o uso de instrumentos de mercado e controlo de importações e eliminando o fluxo de rendimentos para os autores de crimes contra a pesca INN.
- Saudando e encorajando o apoio à tecnologia e à construção de capacidade, que reforçam a MCS da pesca, sobretudo nos países em desenvolvimento, nomeadamente, a alavancagem de parcerias público-privadas, ao Programa Global de Desenvolvimento de Capacidade da FAO e ao Fundo de Assistência à Parte VI do PSMA (Acordo sobre Medidas dos Estados do Porto), e ainda a iniciativas de formação de pessoal específico para aumentar as capacidades de cumprimento da lei no campo das pescas.
- Melhorando a recolha de dados sobre práticas de pesca nocivas relacionadas com a pesca INN, incluindo abusos laborais na cadeia de abastecimento de produtos do mar, e aumentando a colaboração para melhor identificar e fazer face ao trabalho forçado, às condições laborais de risco e a outros abusos laborais na indústria das pescas.
- Estimulando a implementação de instrumentos internacionais dirigidos aos desafios marítimos inter-relacionados, tais como o Acordo da Cidade do Cabo da Organização Marítima Internacional de 2012 e a Convenção da Organização Internacional do Trabalho sobre o Trabalho no Sector das Pescas de 2007.
- Reconhecendo e apoiando medidas de cooperação já existentes dirigidas à dissuasão da pesca INN, em particular abordagens colaborativas bem-sucedidas que ocorrem com, e entre, países em desenvolvimento e parceiros não governamentais.
- Chamando a atenção para a pesca INN por meio de instâncias internacionais de alto nível e durante encontros ministeriais e outros encontros bilaterais de alto nível com países que deveriam tomar medidas adicionais para combater a pesca INN.
- Instando outros a juntarem-se à Aliança de Acção contra a Pesca INN através da assinatura desta Declaração de Compromisso.